Yukon Discovery Tour: o passeio da Mon no Alasca
Durante nosso cruzeiro do Alasca, a Mon (minha irmã) fez o passeio mais legal de Skagway, muito mais legal que o meu, chamado Yukon Discovery Tour, como eu já contei no meu diário de viagem. Por isso mesmo, convidei ela pra contar um pouco mais dessa experiência aqui! Se preparem pra conhecer a Mon, que é sem dúvida a melhor e mais engraçada escritora da família! 😉 Aproveitem!
Renata: Mon, você pode escrever um post pro site sobre seu passeio no Alasca.
Mon, sem levantar os olhos do Kindle: Posso.
Renata: Ah, que bom, porque eu já publiquei falando que você ia escrever.
E foi assim, estimados leitores, que eu fui convidada a escrever meu primeiro texto para o VPD.
Este post tem um oferecimento da minha certeza absoluta de que todo mundo está tentando arrancar dinheiro de mim.
Nem sempre fui assim. Quando criança, eu era daquelas que recebia o troco na cantina e eu mesma perguntava se poderia ser em bala. Eu queria usufruir de cada centavo dos meus 5 reais.
Hoje em dia eu não sou exatamente muquirana, mas sou extremamente desconfiada; estou sempre pensando um jeito de economizar o máximo de dinheiro possível, sem ter que sacrificar o mínimo do conforto. Principalmente em viagens. Porque quanto mais baratas forem as viagens, mais viagens eu consigo fazer.
E este é um dos motivos pelo qual eu talvez não esteja transbordando credibilidade com a minha família quando o assunto é viagem. Quando a idéia é minha, pessoal já parte do pressuposto que é cilada.
Nossa, mas vários parágrafos já e ela nem falou de Alasca. Por que ela está falando de quociente de credibilidade familiar?
Porque, leitores, foi em Skagway que tudo mudou.
Se a gente tivesse na TV, esta seria a hora que a tela ficaria escura de repente e entraria uma abertura maneira tipo a de House of Cards. Conto com a imaginação de vocês. 😉
Passeios Independentes da Disney
Se eu sou uma pessoa que tem paranóia de que estão sempre tentando me passar a perna, vocês imaginem que, quando envolve Disney, essa paranóia é elevada à milésima potência. Afinal, é a mais pura verdade que a Disney quer todo o nosso dinheiro.
Logo que a Re começou a falar sobre as Port Adventures do Alasca, quais ela queria fazer e comentou que eram meio caras, começou o maior alarme a tocar na minha cabeça.
Era o meu primeiro cruzeiro; quando eu topei ir, nem sabia direito o que era uma Port Adventure e agora já estava vendo que teria vários gastos extras.
Meu primeiro plano era não fazer tour nenhum e ficar lendo no navio, mas depois fiquei pensando que era melhor fazer as coisas logo, já que eu provavelmente demoraria muito pra voltar para o Alasca.
Pesquisando em alguns fóruns, vi que era possível fechar os passeios por agências locais ao invés de direto com o navio (que seriam as Port Adventures). Eu já estava amarrada à Disney Cruise Line com o passeio das baleias em Juneau, porque iria com a Re e o Fe, e eles haviam fechado como Port Adventure.
Aprofundei as minhas pesquisas e descobri algo muito chocante: a diferença de preço entre Port Adventures e passeios independentes é ínfima.
Sério mesmo. Coisa de 10 dólares. Por isso mesmo, o meu tour em Ketchikan acabei fechando pela Disney mesmo (e paro por aqui, para não dar spoilers dos próximos posts da Renata).
Fechei o tour independente na parada em Skagway porque depois de uma pesquisa muito intensa para escolher o que eu queria fazer, descobri que a Disney não tinha o passeio que eu queria.
Fiz o Yukon Discovery Tour com a Frontier Excursions, que é muito parecido com o Yukon Expedition da Disney , mas sem o passeio de trem. Eu vi que, com o passeio de trem, o tour sairia 100 dólares mais e teria 2 horas adicionais. Pensei um pouco, e decidi que eu não estava muito ansiosa pra ficar no trem por duas horas tão caras. MELHOR DECISÃO DA VIAGEM, e logo mais vocês vão entender porque.
Antes de começar a contar do Yukon Discovery Tour em si, e eu juro que eventualmente eu vou começar a contar do passeio, acho interessante já esclarecer alguns pontos que podem passar pela cabeça de quem está pensando em fechar um tour independente durante um cruzeiro.
- Se você pensa que é o Mickey que vai dirigir o ônibus da sua excursão, eu sinto muito te decepcionar. A Disney fecha os passeios com empresas de turismo locais; geralmente as mesmas que você pode fechar de maneira independente. Então, sob este ponto de vista, é a mesma coisa.
- O turismo é a principal fonte de renda das cidades portuárias do Alasca no verão. Muitas dessas cidades não possuem acesso terrestre, então os turistas geralmente chegam de navio. Então, fique tranquilo, as empresas que organizam os tours estão acostumadas com os horários dos navios. Seu guia não vai embora antes do seu navio atracar e também não vão atrasar a hora de te devolver no porto. Aliás, todas as empresas que eu pesquisei fornecem alguma garantia neste aspecto.
- Não dispense a pesquisa. Não tanto em questão à diferença de preço que, como eu falei, não é significativa; mas você pode descobrir algum tipo de passeio que não é oferecido pela Disney. Cara, você já leu 3 páginas de texto meu e eu ainda NEM COMECEI a contar do passeio. Isso já indica que você tem o dom da pesquisa e a sede do saber.
- Já que você é um grande pesquisador, não esquece de pesquisar referências das empresas na internet. Assim você já fica sabendo o que esperar do passeio e se assegura de que irá fechar com uma empresa idônea. Lembrem-se de que sempre vai ter alguém que não curtiu. Mas a pessoa não curtiu porque o ônibus era pequeno ou porque o guia estava dirigindo enquanto alcoolizado? Tem que saber filtrar o que é importante nas reviews, turma.
Yukon Discovery Tour
Reservei e fiz o pagamento online mesmo e, no meu email, a empresa enviou as instruções para encontrar a guia.
Basicamente, assim que eu desembarcasse do navio e chegasse ao final da rampa de acesso, eu deveria procurar uma pessoa com uma placa escrita “Frontier Excursions”. O tour começava às 9h, e eles pediram que eu me apresentasse até 8h50 no máximo.
No final da rampa de acesso tinham vários guias (uns seis), mas realmente só uma estava com a placa da Frontier. Então foi super fácil de encontrar a Heidi, que seria minha guia nesse passeio e uma das personagens mais importantes deste cruzeiro, depois da Nossa Amiga.
O tour era basicamente o dia inteiro dentro do minubus, coisa que não me incomodo. Principalmente quando a paisagem é tão bonita.
Passamos por toda a cidade, o que não é difícil nem demorado, são só duas ruas, e pegamos a estrada. Nesse trecho da viagem, vamos subindo as montanhas quase que emparelhados com a estrada de ferro. Passamos pelas fronteiras entre os EUA e Canadá, a fronteira oficial, que é um mini obelisco, e a fronteira natural, um rio. A primeira parada foi no Canadá, bem rapidinha, só para conferirem nossos passaportes. No meu caso, mostrei o visto também. Essa imigração é muito express, a guia já avisa quando vai chegando, pra todo mundo ficar com o documento na mão. Entram 2 guardas, que checam a documentação de todos e pronto. Aliás, só olharam, nenhum guarda não quis nem pegar no meu passaporte.
Na temporada de verão, são tours todos os dias, então os policiais da fronteira já estão acostumados, naquele canto todo mundo se conhece. Inclusive, minha guia comentou que às vezes ela leva pão sourdough, que ela mesma assa pra eles.
A linda cidade de Fraser consiste em uma cabine policial e um ponto de parada para o trem. Piscou, perdeu.
Continuamos nosso caminho, e a neve que antes estava no topo das montanhas, agora está cada vez mais presente no acostamento, muito provavelmente porque nós estávamos subindo. Dentro do conforto do minibus, eu só sentia meu medo crescendo, sabe-se lá o frio que está lá fora.
Durante o trajeto, a guia ia contando sobre o local e sobre a vida dela no Alasca. A Heidi vive com o marido numa cabine que eles mesmos construíram. Fica a 15 horas de carro de Skagway e não possui água encanada, eles instalaram luz elétrica ano passado. Eles moram numa vila; uma comunidade bem tradicional do Alasca, com aproximadamente 50 pessoas. Ela é a única professora lá, e no verão, vai para Skagway para trabalhar com turismo.
Ela e o marido criam cachorros e correm com eles em trenó. Realmente, Heidi foi uma pessoa que super elevou meus padrões de exigência em relação a pessoas interessantes que conhecemos em viagem, porque ela tem um estilo de vida totalmente diferente de qualquer coisa que conhecemos. E o melhor de tudo: ela era a guia, então as outras pessoas perguntavam coisas e ela contava e eu aproveitava tudo sem ter que participar ativamente de nenhuma conversa. rs
Ainda não havíamos chegado no território de Yukon (estávamos em British Columbia), quando fizemos nossa primeira parada, foi aqui:
Quem lembra das aulas de Geografia do colégio vai ficar feliz, como eu, de finalmente conhecer a TUNDRA!
O rio estava começando a descongelar, com o começo do verão. Imagino que quem está lá agora está vendo uma paisagem diferente. Nos arbustos a gente encontrou frutinhas do verão passado, que ficaram guardadas “no freezer” e agora os pássaros aproveitavam para comer enquanto não nasce mais.
A parada seguinte foi na praia, porque era verão! O clima ainda não estava muito praiero, mas a Heidi falou que, no auge do verão, essa prainha fica lotada e todo mundo entra na água. Eu imagino que naquele lugar nunca na vida vai fazer uma temperatura que me convença ser uma boa idéia entrar na água, mas ok.
Fiquei feliz de conseguir fotografar essas cabras de montanha, porque no dia anterior a Re tinha passado o tempo todo falando desses bichos que ela mal tinha visto. Foi minha primeira foto-ostentação da viagem.
Tutorial para localizar cabras da montanha:
- Observe uma montanha
- O que são pontinhos brancos se movendo pela montanha?!?!?!
- Fim do tutorial.
Seguimos, seguimos, seguimos, nessa hora já estávamos em Yukon havia um tempo. A viagem era relativamente longa, mas eu ia me distraindo com a paisagem e com as conversas no ônibus. Aí, viram um urso.
Viram. Na terceira pessoa, porque eu mesma não vi nadinha. Ficaram até um tempinho parados observando, mas quando descobri que estava olhando no lugar errado, era tarde demais.
Um pouco antes do almoço, descemos do ônibus para conhecer o Deserto de Carcross. Vou deixar uma fotinho aqui e vocês olhem por trinta segundos e encontrem o erro.
VALENDOOOO!
Se você assinalou os PINHEIROS NO DESERTO, acertou. Mas este nem é um erro, amigos, e sim, uma estratégia de marketing.
DENÚNCIA: Deserto Carcross não é um deserto. Ele existe porque o vento leva a areia das margens do lago Bennet para esta área e vão formando-se dunas. Inclusive, esta é a única semelhança entre Alasca e Ceará.
Paramos num lugar bem pitoresco chamado Caribou Crossing para almoçar. Era lá também que parte do nosso grupo ia fazer o passeio em trenó com os cachorros.
Logo que saímos de Skagway, todo mundo ganhou uma pulseirinha que era basicamente o ingresso do almoço.
O esquema era bem parecido com o bandeijão da faculdade: peguei a bandeija, recebi minha pata de pterodáctilo, batata,me servi de salada ao final da fila e fui procurar um lugar pra sentar. A principal diferença entre Caribou Crossing e o Restaurante Central da USP é que, em Caribou Crossing, os cachorros ficam do lado de fora do restaurante.
OK, existem muitas outras diferenças, mas eu realmente queria fazer essa piada.
Sobre a comida, apesar de ser feita em grandes quantidades (todos os tours param lá para o almoço) e não ter nada de super especial, eu gostei muito. Acho que por ser uma comida simples, feita na hora por poucas pessoas, eu senti um aconchego, sabem? O menu era frango barbecue (havia uma opção de lentilhas para vegetarianos), batata assada e cole slaw (saladinha de repolho). Como falei, não tinha nada de gourmet ou sofisticação, mas eu achei bem gostoso. Chá e café à vontade, foi a benção do calor! Também havia outras opções de bebida pagas à parte.
Mas a melhor parte é a sobremesa: open bar de donuts! E esses eram maravilhosos, acho que comi uns 3 ou 4 e fiquei muito arrependida de ter bolsos pequenos.
Como eu não ia andar de trenó, fiquei passeando pelo posto e até me entreti bastante. Tinha um banheiro limpa (uhuu) e dois mini museus: um museu de vida selvagem, com vários animais empalhados, e outro sobre a história da guarda montada canadense, que também falava bastante sobre a corrida do ouro. Logo já era horário de voltar para o ônibus.
Acho que este é um bom momento para fazer um adendo sobre os cachorros. Eu não fiz o passeio de trenó pelo simples fato de que não estava a fim, e não por minhas ideologias anti-Sea World.
Esses cachorros são treinados para correr exatamente porque condiz com o perfil deles. O que acontece é que as corridas são todas no inverno, então os criadores emprestam os cachorros para esses passeios turísticos durante o verão. Assim os cachorros não só gastam a energia acumulada, como aproveitam para manter o condicionamento físico. Eu não vi o menor sinal de maus-tratos ou exploração. Vi cachorros animadíssimos e loucos para saírem logo com os trenós. Então, podem agendar esse tipo de passeio sem medo, porque eu já fiz a investigação toda com uma das treinadoras em Caribou Crossing.
Nossa última parada no caminho de ida foi o lugar que eu mais aguardava: Emerald Lake. Durante a minha fase de pesquisas, fiz questão de de garantir que o tour que eu escolhesse fosse passar por lá. A verdade é que eu adoro uma lagoa e este atendeu a todas as minhas expectativas, me lembrou inclusive da Laguna Verde que visitei na Bolívia e considero a paisagem mais bonita que já vi na vida.
Ficamos um tempinho tirando fotos e admirando a paisagem. Reparem que, quando estamos num lugar muito bonito, a tendência é tirarmos 527 fotos exatamente iguais. Eu acho que é uma ânsia que a gente tem de querer guardar a experiência na caixinha pra levar de volta pra casa, bate um medo de esquecer como foi e dá-lhe câmera disparando sem parar.
Logo depois do Emerald Lake, vimos um urso no acostamento e dessa vez eu consegui enxergar.
O caminho de volta foi bem tranquilo. A Heidi foi conversando um pouco com um cara que estava fazendo umas perguntas, mas a maior parte do tempo ficou quieta, pra gente dormir, rs.
Eu não cheguei a dormir, e não sei se alguém dormiu, mas estávamos naquele clima caladão e cansado depois de comer, fazendo uma viagem bem preguiçosa, quando uma menina grita do fundo do ônibus:
– THREE BEARS! THREE BEARS
Sim, 3 ursos! Era uma mãe e dois filhotes que estavam na montanha, coisa mais fofa. Nosso minubus deu a volta e a guia avisou por rádio também os outros ônibus. Ficamos pelo menos cinco minutos parados em filinha de ônibus, assistindo os ursos. Foi muito legal!
Infelizmente não vi nenhum alce. Sinto muito. Mas minha família, que fez só o passeio de trem, só viu castor, né? Então, eu achei vantajoso ter o ônibus, assim podemos parar no caminho para tirar fotos em algum ponto interessante, e para ver algum animal que se aproxime da estrada.
Como vocês já sabem, pelo diário de viagem da Re, eu cheguei de volta ao navio e estava super empolgada com o meu passeio e ela ficou passando vontade, hahaha.
Enfim, recomendo muito que façam tours nas paradas do cruzeiro, principalmente no Alasca. Lembrem-se que eu estava completamente resignada a nunca nem descer do navio, e acabei agendando passeio em todos os portos. Vi que ia valer muito a pena separar um budget para isso.
A Disney oferece uma variedade incrível de Port Adventures, mas também não tenham medo de se aventurar (alerta trocadilho) reservando por conta própria. Invistam um pedaço do orçamento nisso; Alasca é muito longe, então faça valer a pena.
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