Viagem para Orlando e inclusão autista, por Theyssa
Neste post
Hoje, a Viagem do Leitor traz o relato da Theyssa. Ela viajou para Orlando em família, com seus pais e seus filhos.
O Enrico, filho da Theyssa, tem 3 anos e foi diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista), por isso nessa viagem eles utilizaram o DAS (Disability Access Card), um recurso que oferece acesso prioritário às atrações pra quem apresenta dificuldade em esperar nas filas. Nós já temos uma explicação sobre ele aqui nesse post (que ficou ainda mais completo com as dicas da Theyssa) e agora, temos também esse relato em primeira mão para quem pretende utilizar o DAS e quer saber mais sobre o funcionamento desse sistema na prática!
Theyssa, obrigada por compartilhar o seu relato da viagem e suas dicas com o VPD! Tenho certeza que vai ajudar outros leitores que também estão planejando uma viagem e querem utilizar esses serviços de acessibilidade. Boa leitura a todos! 🙂
Viagem para Orlando e inclusão autista
Por Theyssa Borges
Meu nome é Theyssa, sou de Goiânia e já fui para Orlando três vezes (2013, 2014 e agora recentemente em 2021). Sigo o blog desde minha primeira viagem, e agora também o Instagram e canal do YouTube de vocês. Geralmente eu fico responsável na família pela organização das viagens e roteiros rsrs, principalmente porque adoro fazer isso, e tenho um carinho especial por Orlando, porque era meu sonho de infância (que consegui realizar só depois de adulta) e depois porque me apaixonei pela experiência em si.
Minhas três viagens foram únicas. A primeira fizemos em um grupo grande, todos adultos e sem filhos. A segunda fizemos eu e meu marido apenas com mais um casal (meu irmão e cunhada), e a última tive a oportunidade de levar meus pais para a primeira viagem internacional deles, e também de ir pela primeira vez como mãe de duas crianças: o Tom que hoje tem 6 anos, e o Enrico que tem 3 anos.
Como falei lá no Instagram, essa viagem estava programada para acontecer em abril de 2020, na época os meninos estariam com 4 anos e 1 ano e meio respectivamente. Veio a pandemia em março de 2020 e o adiamento da viagem. Em abril do ano passado, veio o diagnóstico do Enrico dentro do TEA.
Foi um ano meio barra pra gente (como com certeza foi pra maioria das pessoas), de muita adaptação. A princípio, estávamos bem trancadinhos em casa, com o privilégio do home office. Quando começamos a notar questões no desenvolvimento do Enrico (atraso de fala, dificuldade de nos compreender), achamos que poderia ser um dos efeitos do isolamento. Mas quando ele fez dois anos e meio comecei a me preocupar bastante e levei em fono e depois num neuropediatra que fechou o diagnóstico. Nos adaptamos rápido à rotina intensa de terapias (ele faz em torno de 3 horas por dia com vários profissionais), tudo na tentativa de dar as melhores condições para que ele recupere os atrasos e se desenvolva dentro das possibilidades dele.
Ele é um menino alegre e carinhoso, assim como o irmão mais velho. As preferências dos dois foi mudando no decorrer desse tempo (dois anos pra criança é MUITO, vocês sabem) – fora toda a questão de viajar no meio da pandemia, logo após a abertura das fronteiras, além do dólar bem mais alto. E também o fato de agora termos um companheirinho de viagem autista. Enfim: planejamento completamente novo, adaptado, mas ainda assim uma viagem maravilhosa.
Na fase desse novo planejamento, procurei muito sobre os serviços de inclusão nos parques, e achei a informação bem escassa. Mas fui futricando os sites dos complexos e achei muita coisa, outras aprendi lá na hora também.
DAS na Disney
Registro antecipado
Em torno de 20 dias antes da viagem, eu fiz aquele registro antecipado que vocês mencionaram no post de vocês. Fiz num domingo. Entrei no local do site da Disney em que solicita a videochamada e já apareceu uma mensagem falando que estava com bastante espera, mas eu aguardei com o computador ligado.
Demorou em torno de 4 horas ou mais (tem que ter disposição, rsrs), mas pode ser que tenha melhorado porque peguei o serviço bem no início.Primeiro eles fazem uma triagem pelo chat e depois direcionam para a vídeo chamada propriamente dita.
Meu inglês é bem básico, então chamei meu irmão pra me ajudar no dia, mas nem foi TÃO necessário porque a conversa foi bem rápida. Eu mostrei o Enrico no vídeo (eles tiraram uma foto que quando estava no parque apareceu sempre que usamos o DAS), e falamos sobre o diagnóstico dele e a idade.
A Cast Member que nos atendeu no vídeo era muito simpática e fez poucas perguntas sobre a condição dele. Perguntou mais sobre nosso grupo (quantas pessoas acompanhariam o Enrico), se conhecíamos o sistema, se tínhamos o cadastro do My Disney Experience, se tínhamos as reservas de parque para os dias que íamos visitar, se sabíamos sobre as atrações que ele poderia entrar (mais pela questão da altura permitida). Como eu já tinha feito todo esse trabalho (como boa leitora do VPD rsrs), ela falou que continuaria o atendimento via chat.
A gente tinha comprado 6 dias de visitas aos parques da Disney, então no chat ela foi falando comigo dia a dia, de acordo com minhas reservas, e eu pude escolher duas atrações para fazer uma pré-reserva (exatamente como funcionava o FastPass+ antes) por dia de parque. Eu fui escolhendo aquelas que ele poderia participar (pela altura) e que eu sabia que eram mais concorridas, e fiz as reservas na parte da manhã, aos moldes do que eu faria no caso do finado FastPass+. Ela ia me dando opções de horários, ou dizendo que uma ou outra já não tinha mais horários para reservas (nesses casos eu trocava para uma segunda opção de atração – então é importante alertar para que as pessoas estudem os roteiros de vocês antes porque na hora o atendimento é mais rápido).
Assim que acabou esse atendimento pelo chat, essas reservas já apareceram no My Disney Experience. É importante ressaltar que aquelas atrações disponíveis com Lightning Lane Individual em cada parque NÃO podem ser reservadas nesse momento. São duas em cada parque, que são as mais concorridas, né? Todas as outras podem.
Dentro do parque
Chegando no parque, não precisamos passar no Guest Relations porque já estávamos com o cadastro do Enrico OK. No momento que você entra no parque, já é possível fazer novas reservas de atrações pelo aplicativo. Só que essas novas reservas funcionam num esquema um pouco igual e ao mesmo tempo diferente do FastPass+ antigo e da reserva antecipada:
- Um ponto semelhante é que você só pode fazer uma por vez. O aplicativo só libera outra marcação depois que você entrou na atração que estava agendada anteriormente.
- Um ponto diferente é que o agendamento aqui é de acordo com o tamanho da fila. Se a fila da atração estiver de 30 minutos no aplicativo, o agendamento será a partir desse horário. Se a fila for de 60 minutos, será a partir daí e assim por diante.
- Outro ponto importante é que nessa segunda forma de agendar, entram também aquelas atrações proibidas da primeira forma de agendar, aquelas que possuem Lightning Lane vendida de forma avulsa.
- E por último, essa segunda forma de agendar não tem uma janela de tempo para entrar que pode expirar se você não aparecer na hora. Fica a sua autorização para entrar na atração a partir do horário agendado até o fechamento do parque. Mas você só pode agendar outra se usar essa primeira.
Um exemplo para melhor compreensão: quando fui no Hollywood Studios, cheguei com o agendamento feito previamente (que tem janela de uma hora pra entrar) do Toy Story Mania e do Alien Swirling Saucer. Mas assim que entrei, peguei o agendamento do Mickey & Minnie’s Runaway Railway (que eu não pude fazer a pré-seleção). Como a fila nessa atração no dia estava com 1h30min de espera, o agendamento ficou para dali 90 minutos. Nesse ínterim, fizemos as duas atrações agendadas previamente e depois fomos para a do Mickey. Saindo dela, pudemos agendar a do McQueen.
Entrada nas atrações
A entrada para a atração com uso do DAS é pela Lightning Lane. Ou seja, não quer dizer que a gente não pegue fila nenhuma, mas na maioria dos casos é bem menor que a fila tradicional.
Então a gente chegava, ia direto para a Lightning Lane e era necessário sempre passar o cartão ou MagicBand do Enrico primeiro. A foto dele (tirada na vídeo chamada do pré cadastro) aparecia na tela e logo em seguida o Cast Member pedia para todo grupo passar seus próprios cartões ou MagicBands. E pronto! A gente entrava por essa fila. Tudo isso melhorou muito nosso aproveitamento dos parques e evitou bastante que o Enrico ficasse estressado com tantas esperas.
Quando eram atrações que ele não podia ir pela altura, a gente usava o Rider Switch e pegávamos a fila normal. Fizemos isso nas atrações concorridas de Star Wars e Avatar, por exemplo. Mas foi bem tranquilo porque parte do grupo ficava com ele indo em outras atrações com filas menores, ou tomando um lanche, o que o distraía dessas esperas também.
Importante ressaltar que até essas atrações (Rise of the Resistance, Flight of Passage, etc) estavam disponíveis para o DAS, mas não usamos porque o Enrico não tem altura para elas. Para autistas mais velhos, eles poderiam usar também nessas atrações.
A única atração que não estava disponível para nenhum tipo de marcação quando fomos foi a do Ratatouille, que funcionava apenas com a fila virtual (que também consegui usando as dicas do VPD).
A Theyssa se disponibilizou a escrever sobre as experiências com acessibilidade nos outros complexos de Orlando também, e assim que ela compartilhar a experiência dela com a gente, vamos atualizar esse post!
Se você, assim como a Theyssa, tiver histórias para contar sobre sua viagem para Orlando, ou quiser registrar como foi a refeição em algum restaurante da cidade, compartilhar o seu roteiro ou ainda relatar como foi a estadia no hotel escolhido, nos escreva mandando o seu texto, fotos e vídeos e eles poderão ser publicados aqui no VPD. O endereço é viagemdoleitor@vaipradisney.com (lembrem-se que dúvidas não serão respondidas por esse e-mail, por favor use as caixas de comentários do site).