Vacinação nos EUA: como anda a imunização nos Estados Unidos
Neste post
Ninguém aguenta mais essa pandemia e o que a gente mais quer agora é saber da vacina, né? Muita gente tem me perguntado sobre a vacinação aqui nos EUA e por isso resolvi fazer esse post pra contar um pouco mais das coisas por aqui, da nossa experiência e do que isso significa também pro VPD.
Para quem não sabe, estamos em Orlando desde o início da pandemia, e estivemos isolados em casa praticamente o tempo todo (salvo para coisas como levar as crianças ao pediatra e algo do tipo). Não voltamos ainda pra NY e já contei sobre essa decisão tanto no canal como no diário que fiz lá no começo da pandemia. Ou seja, o que vou contar representa mais a minha realidade aqui na Flórida já que cada estado tem suas regras.
Uma observação: eu fiquei muito na dúvida se escrevia esse post ou não porque não queria que parecesse alienação ou falta de empatia com o momento do Brasil. A gente entende que é um privilégio poder estar nesse momento em um país que tem acelerado a vacinação, mas somos brasileiros, com família no Brasil e o coração aperta demais de pensar em toda a situação daí. Queria muito estar escrevendo tudo isso sobre o Brasil e torço muito para essa ser a realidade em alguns meses, já que não vejo a hora de estar com a minha família. De qualquer forma, hoje a idéia é realmente responder às dúvidas e sanar a curiosidade sobre a vacinação por aqui nos EUA.
Como anda a vacinação nos Estados Unidos?
A meta determinada no início do governo do presidente Joe Biden era de ter 100 milhões de doses administradas nos primeiros 100 dias de governo. Com a aceleração do ritmo da vacinação, essa meta passou para 200 milhões e também já foi superada.
O governo também determinou que todos os estados tornassem todos os adultos elegíveis a vacina até o início de maio. Veja que existe uma diferença entre ser elegível a vacina e estar vacinado. Ser elegível só significa que você pode agendar ou esperar pra ter sua dose. Não significa tomar sua vacina até maio. Ainda assim, uma ótima notícia né? Até porque todos os estados já se adiantaram e tornaram todos de 16 anos ou mais, elegíveis à vacinação ainda em Abril.
Hoje, cerca de 50% dos adultos aqui nos Estados Unidos estão com pelo menos uma dose da vacina. Esse número não é igual em todos os estados, já que cada um tem certa autonomia tanto para crias suas regras como para a distribuição das vacinas, mas acho que dá pra ver um bom avanço como um todo num ritmo além do esperado.
Por aqui pelo menos, não tem sido dificil conseguir tomar sua dose agora. Todo mundo que eu conheço e quis se vacinar, já conseguiu pelo menos agendar a sua dose. Até pouco tempo não era bem assim.
Havia uma corrida pelas sobras das vacinas, especialmente antes dos adultos todos serem elegíveis a agendar a vacinação. Todo mundo estava mais do que ansioso para se vacinar logo e por isso havia uma corrida pelas sobras nos supermercados e outros postos de vacinação.
Aconteceu por aqui de alguns lugares as vezes abrirem para a vacinação geral sem critério de idade antes dessa ser a regra do estado. O resultado foi filas enormes e até algum caos, mas muita gente conseguiu tomar a vacina assim também. A verdade é que cada braço com vacina, é uma vitória coletiva.
Aos poucos os grupos elegíveis foram aumentando: primeiro vieram os idosos e profissionais da saúde, depois foram diminuindo o limite de idade até 40 anos, incluindo também pessoas que não são necessariamente grupo de risco mas que tem alguma condição mais vulnerável (isso eu vi acontecendo mais aqui na Flórida mesmo, não sei dos outros estados), até que finalmente abriram para todos.
Hoje, quem quer tomar uma vacina consegue agendar sem tanta demora. Receio que o problema se torne muito em breve os anti-vacinas, lembrando que vacina é uma medida de proteção coletiva. Se um grande número não toma, ninguém está protegido da mesma forma.
E vocês? Tomaram a vacina?
A gente tá nessa de ficar em casa há tanto tempo que parece até bom demais pra ser verdade, mas sim, estamos vacinados! Tanto eu como o Felipe já tomamos as duas doses da vacina da Pfizer (não que faça diferença. Eu tomaria qualquer uma felizona!). Não tivemos nenhuma reação muito forte, somente dor no braço, dor de cabeça e cansaço no dia após a vacinação. Tudo dentro do esperado e um preço super pequeno a se pagar pela imunização, né?
Falando em preço, essa é outra pergunta que recebo bastante: a vacinação é gratuita e para todos os moradores. Inclusive achei super legal ver nos postos de vacinação, algumas placas indicando que as informações não serão compartilhadas com a imigração. Como necessidade coletiva, é interesse de todos que os imigrantes ilegais também se vacinem, mas achei muito legal terem esse cuidado.
Sobre a vacinação para turista, pelo menos aqui na Flórida não está liberada até agora. A imunização tem sido oferecida para residentes apenas, apesar de não precisar mais mostrar nenhum comprovante de residência na Flórida. Pode ser que um lugar ou outro não solicite isso (aí eu já não sei), mas a regra é essa e no nosso caso, solicitaram mesmo.
Nesse momento, o foco das ações do governo tem sido no sentido de encorajar a população que tem medo de se vacinar a tomar suas doses. Por exemplo, muitos estão com receio de perder o dia de trabalho para tomar a vacina ou por ficar um pouco mal no dia seguinte. O governo anunciou um incentivo para as empresas liberarem os funcionários e terem o valor de volta como dedução de imposto.
Se estima que para chegar ao famoso efeito rebanho, seja necessário de 75% das pessoas vacinadas, mas já se observa um cenário de redução significativa nos casos nos estados que já passaram de 40% da população total vacinada.
Depois da vacinação: o que vem agora?
Estamos vacinados, mas ainda tem um caminho muito longo para o fim da pandemia. Mesmo que a vacinação esteja caminhando bem aqui, a gente sabe que não é a realidade da maior parte do mundo ainda. Os Estados Unidos foi inclusive criticado por “segurar” mais doses do que precisa para a imunização do país, e agora se comprometeu a doar mais doses para outros países. Primeiro eles doaram algumas vacinas da Oxford para o Canadá e México e agora estão falando de doações para a Índia.
Mesmo com a evolução da vacinação, os números de casos por aqui continuam bem altos, na casa dos 50 mil novos casos por dia. Acho que isso foi um pouco efeito de uma “ressaca” do Spring Break e também de uma relaxada coletiva nas medidas de segurança com o avanço da vacinação. Os números de óbitos tem caído graças a Deus, à ciência e ao incansável trabalho dos profissionais da saúde – mas ainda são significativos.
Ainda assim, há um otimismo muito grande que acho que pode servir de luz no fim do túnel para todo mundo. Aos poucos, o CDC (que é tipo uma agência do Departamento da Saúde) tem anunciado diretrizes mais perto do antigo normal para quem já foi vacinado. Quem já teve a vacinação completa (ou seja, todas as doses e o tempo de imunização em seguida) pode se reunir em pequenos grupos sem máscara ou até estar nas ruas sem máscaras desde que não em multidões. Eu nem sei o que eu acho disso, mas é bom poder ver essa mudança no horizonte.
O presidente Joe Biden disse que espera que a gente tenha uma vida mais próxima da normalidade até o feriado de 4 de julho, mas isso vai depender da vacinação coletiva.
O que ainda não sabemos?
Algumas das perguntas que mais queremos a resposta continuam um mistério.
- Quando as fronteiras vão abrir? Não sabemos, já que depende dos esforços de vacinação daqui e de cada país que está com as fronteiras fechadas, mas o avanço da vacinação local é sem dúvida um passo importante no sentido de reabertura em algum momento. Isso dito, meu conselho do fundo do coração para quem está ansioso com esse assunto é não dar ouvido aos boatos. A gente quer muito saber novidades, mas os boatos só aumentam a ansiedade e não mudam os fatos. Todos os dias recebo perguntas sobre boatos diferentes e até agora a maioria não se concretizou. Não é fácil esperar, mas não tem jeito: precisamos esperar por notícias oficiais.
- Vacinação nas crianças? há algumas estimativas, mas nenhuma confirmação por enquanto. Os testes em crianças estão acontecendo e espera-se que crianças de até 12 anos possam ser vacinadas dentro de alguns meses, enquanto as menores precisarão esperar mais um pouco (possivelmente até o fim do ano ou começo de 2022, mas não sabemos ainda).
O que isso significa pro VPD?
Como sempre, aqui no VPD a gente leva muito a sério cada post ou vídeo que trazemos pra vocês e não vejo muito sentido em “postar por postar”.
É um momento um pouco complicado e vou ser bem transparente com vocês aqui. Eu não sei exatamente o que vou achar que faz sentido em cada momento e tenho várias crises sobre esse assunto (já até falei a respeito no canal), mas não dá para ignorar a realidade da pandemia, do Brasil e simplesmente fingir que tá tudo normal só porque eu tomei vacina, né?
Faz mais de um ano que a gente diminuiu a quantidade de posts e eventualmente até de vídeos por achar que era o que fazia sentido para esse momento. Quem acompanha o canal me aguenta toda semana no mesmo cenário de sempre aqui em casa. Isso deve mudar um pouquinho sim, já que agora podemos sair um pouco mais, com todos os cuidados e medidas de segurança (afinal, as crianças não foram vacinadas), mas também não pretendo ficar fazendo videos e posts que pareçam uma negação da realidade do planejamento de cada um e todas as incertezas que vivemos ainda, em especial no Brasil.
Ou seja, quero sim ir aos parques com as crianças, quero poder trazer mais coisas diferentes pra vocês, mas dentro do que passar pelo filtro que aquela crise que eu tenho dia sim/dia não e dentro do que me parecer respeitoso com o momento de cada um.
Queria avisar todo esse contexto pra ninguém estranhar também qualquer mudança nesse sentido.
Espero que este post ajude a entender como estão as coisas e sirva de lembrança de que por mais complicada que as coisas estejam, já estamos todos em um outro patamar da pandemia. A vacina já existe e aos poucos (ainda que mais devagar do que a gente gostaria), ela vai tirar a gente dessa pandemia! 🙂